O Meu Outro Eu Esteve A Dançar

sábado, janeiro 31, 2009

SILVINHAS FRITAS E DUAS GARRAFAS DE VINHO



C'MON BABY DO THE LOCO-MOTION



Muybridge instala
24 máquinas
fotográficas em
intervalos regulares
ao longo de uma
pista de corrida e
liga a cada máquina
fios que atravessam
a pista. Com a
passagem do cavalo,
os fios são rompidos,
desencadeando o
disparo sucessivo
dos obturadores, que
produzem 24 poses
consecutivas.











Eadweard Muybridge (1830-1904)

quinta-feira, janeiro 29, 2009



Não, não é o dente que dói.
Não, o motor não incomoda.

Não me doem os dentes
mas quem morde.

Nunca o que dói é o aparente
senão o outro, de outra ordem
o oculto na cárie da vida, o tártaro
dos ossos,
na intempérie incisiva da dentadura mole.

Nunca o que dói, doutor,
é o que fazem as máquinas,
senão
o humano dessas brocas
os buracos
da alma.

Ponha ouro, doutor,
e seja lá o que possa
morder o dente, ávido de amor,
a conta, ao fim, é nossa.

(outono de 2oo4)
Renata Pallottini

domingo, janeiro 25, 2009



("Pulsar", 1975, texto de Augusto de Campos, oralização e versão lírica de Caetano Veloso)


segunda-feira, janeiro 19, 2009



ABC
(Poemas adolescentes)


A
Abraçou uma árvore
e, de repente,
frutificou.

(Outro A)
Ave, alminha de cachorro,
voando rápida
para o repouso.

B
Bananeira : essa mina
cheia de cachos.

C
Virilidade:
compor um tempo curto
de culto
ao centro do corpo.

CH
O chá:
água doce e maternal
que serve para curar
as doenças que não há.

D
Deus e a inocência: diálogo.
Deus tenta provar
que não é diabólico.

E
Eu deveria ser
só uma maneira
de dizer
Você.

F
Forçosa é a fome
de falar
um nome.

(Outro F)
Folhas.
Há uma falha no galho
da árvore velha.

O sabiá ensina a voar
seu filho.

G
Garganta ansiosa
pelo gozo
de uma pausa.
O gratuito, afinal,
da gargalhada.

H
Ah...
Um hálito de hortelã
onde hortelã
não há ...

I
O inútil infinito
pelo qual sou cercada
e, inutilmente assustada,
me determina e vigia.

Infinito é aquilo
Que dói quando termina.

(Outro I)
Internatos. Infratores
instintivos e indistintos
injustiça e impotência
investidas noturnas
súcubos e íncubos.
Mais crimes e mais polícia
inútil.
Mais infelizes
mais viúvas e mais filhos
mais diretrizes e bases

mais Brasil. Mais eu. Mais triste.

J
Jovem é quando a gente
sofre escondido
e nem sente.

(Outro J)
Um jegue
no jardim
da minha casa.

Quando o vi
irreal, surreal
tão surpreendente

pensei que – gente ! –
Por que não pode ser o unicórnio
um jegue
de repente?

L
Os lençóis me acordaram
fraternalmente sós
comigo
em seus braços.

(Outro L)
Ser louco: luta
desleal
com Deus.

M
Mãos:
o avesso de
nãos.

N
Um Não : o que é preciso ter
para lutar
até morrer.

O
Ouve: não é o vento.
Sou eu
no teu alento.

P
Petiço, pangaré
preto ou pampa:
cavalo.
Quatro patas
e um halo.

Q
Queimados
de uma falta de razão. Quem foi não sei. Só sei
que perdura
essa paixão.

R
Raramente te vejo
e raramente posso
refletir o teu rosto.

No entanto, o raro é fonte
de tanto encanto !

S
O Sol:
índio
louro.

T
O tempo
como o tampo
de um piano.

(Outro T)
O trem
venha de onde vier
sempre vai prô passado.

U
Uma a uma
enfileiram-se as nuvens
no céu turvo.

É a chuva
e parece um fim de mundo.

Mas não;
é só um susto
e depois, no suspiro de um minuto
o sono enxuto,
justo...

V
Vivendo ao relento
varado
de vinho.

X
Há uma grande flor roxa
uma pedra de enxofre
e um peixe
que se mexem
na água oxidada.

Z
Um zero
e um país
zonas de um muro

Um zunido
e um fez
zonas de tiro

uma tez diferente
em luz escura
uma reza perdida
uma criança que
jaz

uma guerra infeliz
desfaz
a paz.
Renata Pallotini

QUEDA LIVRE




Ryan McGinley

sexta-feira, janeiro 16, 2009

FRED,

quinta-feira, janeiro 15, 2009